Foi a invasão aos escritórios do Partido Democrata americano em Washington, no conjunto de edifícios Watergate. O incidente aconteceu em 1972 e, após dois anos de investigação, culminou com a renúncia do presidente Richard Nixon. A invasão rolou durante a campanha eleitoral e, mesmo com evidências ligando o episódio ao comitê de Nixon, o presidente foi reeleito com larga margem de votos.
De denúncia em denúncia...
...Um assalto aparentemente comum levou à renúncia do presidente dos Estados Unidos
1. Cinco homens invadem escritórios dos democratas, no complexo de Watergate, e são presos. O objetivo era grampear telefones para usar informações confidenciais como chantagem política - o que só é descoberto após muita investigação. De um prédio vizinho, dois ex-funcionários da CIA e do FBI coordenam a invasão com walkie-talkies
2. No dia seguinte, o jornal The Washington Post publica uma pequena nota sobre a invasão. Intrigados com a notícia, dois repórteres do próprio jornal - Bob Woodward e Carl Bernstein - começam a investigar o ocorrido e descobrem que um dos invasores tinha o nome na folha de pagamentos do comitê de reeleição de Nixon
3. Seguindo a dica de um informante anônimo, Bernstein viaja para Miami e descobre que um cheque de 25 mil dólares, pertencente ao comitê de reeleição, tinha sido depositado na conta de um dos invasores. Surge a primeira evidência concreta ligando o fundo de campanha de Nixon com a invasão em Watergate
4. O informante é funcionário de alta patente no FBI - a polícia federal americana. Por ter acesso a relatórios confidenciais sobre a invasão, exige anonimato e ganha o apelido de Garganta Profunda. Em encontros secretos com Woodward, o Garganta confirma ou nega a autenticidade das fontes e dos dados colhidos pelos repórteres
5. A perseverança do Post, mesmo com a concorrência deixando o caso meio de lado, leva à descoberta de que assessores de Nixon conduziam um esquema de espionagem política para favorecer o chefe nas eleições. Com a pressão da imprensa e da população, é criada uma comissão no Senado para investigar o caso oficialmente
6. Em depoimento ao Senado, o advogado da Casa Branca assume que há um esquema de espionagem. Gravações de telefonemas que passavam pelo Salão Oval - escritório oficial do presidente - comprovam que Nixon comandava o esquema
7. Dois assessores e quatro integrantes da equipe presidencial são condenados. O impeachment é questão de tempo. Em 8 de agosto, Nixon renuncia num discurso dramático, via TV. Em uma rara admissão de erro, o presidente diz: "Lamento profundamente qualquer tipo de dano..."
8. O vice, Gerald Ford, toma posse e, um mês depois, concede perdão absoluto a Nixon por qualquer crime cometido como presidente. O escândalo termina com o povo desconfiado, a imprensa mais atenta e a política americana criando processos mais práticos para investigar e combater irregularidades do governo
Faces do crime
Eles escreveram a história do maior escândalo político dos States
BOB WOODWARD
Republicano, começou no Post em 1971 e é considerado um dos melhores repórteres investigativos da história
CARL BERNSTEIN
Democrata, Bernstein completava Woodward. Enquanto o parceiro era cauteloso e sistemático, Carl era a energia da dupla
BEN BRADLEE
Editor-chefe do Post durante o caso Watergate. Apoiou seus repórteres mesmo sob forte pressão política contra a investigação
MARK FELT
Identidade do informante Garganta Profunda, revelada em 2005, numa entrevista à revista americana Vanity Fair
H.R. HALDEMAN
Assessor direto de Nixon, condenado em 1974. Foi um dos arquitetos do assalto aos escritórios democratas em Watergate
JOHN DEAN
Testemunha-chave da promotoria, o advogado da Casa Branca revelou que Nixon sabia do esquema de espionagem política
RICHARD NIXON
Único presidente americano a renunciar. Divide com George W. Bush o status de governante mais impopular na história do país
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