terça-feira, 7 de outubro de 2014

Industrialização do Brasil e Geopolítica – Geografia Enem


Industrialização do Brasil e Geopolítica

Nesta aula daremos enfoque especial a Atividade Industrial do Brasil e, as repercussões mundiais dos diversos tipos de ação, protagonizadas pela evolução natural dos processos ideológicos que permeiam nossa sociedade.

Industrialização do Brasil

Ao longo dos tempos, os processos de transformação de matéria em produtos finais para consumo, evoluíram de forma irregular, pelos diversos tipos de países.

Ligadas ao Setor Secundário da Economia, o processo industrial evolui a partir da Inglaterra e se espalha pelo mundo, atingindo grupo de países em momentos diferenciados de sua história.

Esses produtos finais, vão agregando valores e acabando se transformando em “Bens”, com finalidades diferenciadas.

Assim podemos agregá-los em:

a. Bens de produção (ou de capital)

• Indústria de Base (ou pesada): servem para a produção de outros bens: máquinas industriais, construção naval, petroquímica, etc.
• Bens intermediários: insumos (ou matérias-primas) processados que são empregados para produção de outros bens.

b. Bens de Consumo

• Duráveis ( carro, geladeira, tv…)
• Não – Duráveis ( roupa, alimento…)


As Distintas Fases da Industrialização brasileira

• 1500 / 1808 – Nada era permitido em termos de industrialização, a não ser, um processo de transformação rudimentar de roupas, calçados e alimentos, para atender “os pobres degredados filhos de Deus (…)” que aqui viviam e, que iriam se somar aos negros transplantados da África para trabalhar como escravos. Existia ainda o medo do crescimento industrial e a concorrência com a Metrópole, o que poderia levar a uma independência financeira e, por conseguinte, uma independência política.

• 1808 / 1850 – Chega ao Brasil a família Real. Para atender as necessidades da corte, longe do centro industrial mundial (Europa), abrimos os “portos as nações amigas”, ou seja, Inglaterra. Atendeu os interesses da corte imperial – não aos interesses do Brasil, pois como garantir a efetivação de uma indústria no Brasil sabendo da concorrência com a Inglaterra. Fato também significativo, era a ausência de uma classe consumidora, pois nossos trabalhadores eram escravos e, portanto não garantiam esse mercado consumidor.

• 1850/1930 – Com os ideais abolicionistas garantidos através da Lei Eusébio de Queiróz e, vivenciando um ciclo econômico favorável que era o do café, a mão-obra escrava foi substituída pela mão-de-obra do imigrante – agora sim, assalariada e com condições de formar uma massa de consumo. Cresce a indústria têxtil, mas o Brasil ainda repousa seus ganhos nas exportações de café. A Primeira Guerra Mundial também contribuiu para que iniciássemos ali, pequeno processo de substituição de importações.

• 1930/1956 – A queda da Bolsa de Valores de Nova Iorque, beneficia o Brasil. Sem poder comprar as “sobremesas” que o Brasil vendia (café), a economia cafeeira entra em declínio. Transfere contingente populacional grande para as cidades e, que somados a ascensão ao poder de Getulio, muda a história do Brasil. Se o fato ocorrido na Inglaterra há quase dois séculos, foi divisor de águas – os fatos ocorridos no Brasil com Getulio Vargas a partir de 1930 também o foram para o país. Junte-se a tudo isto, a Segunda Grande Guerra e, tínhamos os “ingredientes” certos para um começo industrial mais significativo e irreversível.

• Porto de Santos
• Ferrovia
• Acumulação de capital do ciclo-do-café
• Farta mão-de-obra (imigrantes + nordestinos)
• Mercado consumidor
• Um Brasil mais urbano

Garantida a infra-estrutura de Base :

• Cia Siderúrgica Nacional
• Cia Vale do Rio Doce
• Cia Nacional do Petróleo
• Cia Hidrelétrica do São Francisco, agora a preocupação era fazer “nascer” as indústrias de Bens de Capital, ou seja, “máquinas que fizessem máquinas”.

Dois pólos industriais definidos (São Paulo e Rio de Janeiro) coadjuvados por Minas Gerais em expansão fazem o Brasil ficar em condições de alçar vôos mais altos.

Em 1946 através da produção de aço na CSN, abríamos o leque de possibilidades na nossa matriz industrial.

Se até então, vivíamos das Industrias de Bens de Consumo, ainda que duráveis – na verdade, éramos verdadeiras fabricas de “apertar parafusos”, pois tudo vinha do exterior – agora podíamos garantir nossas necessidades industriais com Bens de Capital dentro do próprio país.

Juscelino Kubitschek elege o ABC paulista e ali faz acontecer as montadoras. As cidades se modificam.



O plano de metas de JK é considerado um caso bem sucedido de formulação e implementação do planejamento estatal. Contrariamente ao projeto nacionalista de Vargas, havia uma clara aceitação a predominância do capital externo, limitando-se o capital nacional ao papel de sócio menor desse processo.
O país começa um transição de economia agro-exportadora, portanto de sociedade rural, para uma outra realidade – ou seja – urbano industrial. Mesmo assim a vocação agrícola não foi perdida.
O “Monte” Pascal já sinalizava esta realidade em 1500. A posição entre os trópicos, com 92% do seu território iluminado pelo sol em 365 dias, fartura de água,imensidão de terras, não nos permitem esquecer o campo.
O mundo industrializado é sinônimo de competitividade. Após JK, foi como se um hiato no nosso processo de industrialização acontecesse. Janio Quadros, João Goulart representam esse hiato industrial. Impasse político, Guerra Fria, regimes de exceção pela América do Sul, também aportam no Brasil.
Após 1964, o Brasil vivencia o chamado governo Militar. Período conhecido como “Milagre econômico” (1969/1973) – faz crescer e diversificar o parque industrial brasileiro.

Nesse período nossas exportações de manufaturados, superou a de produtos primários.
O ciclo que se inicia com Getulio Vargas e vai ate o período militar, tem a “mão” forte do governo no processo produtivo e, é conhecido como “Estado Desenvolvimentista”. O Estado era o grande supervisor de todo o processo.
Com a Queda do Muro de Berlim e o processo de Globalização latente, o Capitalismo caminha para uma nova forma de gerenciar o processo produtivo. Era o “Neo-liberalismo”, chegando ao Brasil e, encontrando um país “mergulhado” num intenso processo recessivo.
Sai de cena o “Estado Desenvolvimentista” e, através do Governo Sarney, Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma – o processo produtivo ganha outras “mãos” para gerenciar este processo – a iniciativa privada.
Pautado por forte combate a inflação, privatizações – o Estado dimensiona metas, controla a macro-economia, mas ainda esbarra o Brasil, num velho problema – a infra-estrutura (rodovias, portos, ferrovias, aeroportos, energia) que estão ainda presentes e, de forma mais aguda que em tempos atrás, pois o mundo globalizado é muito mais ágil, mais dinâmico e, não admite atrasos e “mal feitos”.
Mesmo assim o Brasil ingressa em 2012, como um dos fortes complexos industriais do mundo. Senta à mesa do seleto grupo das dez maiores economias do mundo.
O Brasil é,atualmente, o 7.º maior fabricante de carros e tem a 10.ª maior frota de carros do mundo, com aproximadamente 24 milhões de carros
O gráfico seguinte ilustra a evolução da indústria automotiva brasileira nos últimos 10 anos

Fonte = ANFAVEA

Ainda com uma pequena participação no comércio mundial, pois nos agride ainda o “dumping” norte-americano e europeu, este fato é visto como positivo por alguns especialistas – significa um grande mercado a conquistar.

São Paulo ainda concentra o grande Parque Industrial brasileiro

A Desconcentração Industrial

Duas realidades permeiam nossa condição industrial e urbana.

A primeira fica por conta de uma tendência cada vez maior de desconcentração industrial – fato saudável, pois é uma realidade no mundo inteiro. A interiorização para cidades de médio porte, mexe com a realidade urbana dessas cidades. É uma realidade Estrutural. As Metropoles estão saturadas. A conurbação das cidades periféricas reflete a deformidade urbana das Metropole.
A segunda realidade é Conjuntural. Política econômica do governo, que a pretexto de garantir estabilidade econômica, condiciona situação desfavorável a industria e, neste caso em especial, a política fiscal , tributária e Cambial contribuem de forma negativa para o setor industrial.

Geopolítica

A disputa pelo poder, encontra o planeta, mergulhado numa “Multipolaridade”.
O mundo Multipolar evolui a partir da Bi-polaridade retratada durante o período da “Guerra Fria” (1947/1989) e, fatos significativos aconteceram, que tornaram o espectro da “Guerra Fria”, fenômeno esquecido no meio às tantas ogivas nucleares produzidas naquele período e, a desenfreada corrida espacial, protagonizada pelas duas superpotências .
De fundo ideológico, o período bi-polar marcou profundamente as relações de poder entre o Mundo Socialista e Mundo Capitalista com seus “periféricos”, ou seja, aqueles que viviam sob a tutela do Socialismo e os que viviam sob a tutela do Capitalismo.
Com implosão do mundo socialista, o Capitalismo reina absoluto, por todos os quadrantes da Terra. A evolução dos meios de comunicação e transporte, potencializa a ação da Globalização e, os países se diferem pela sua capacidade de influenciar com maior agressividade as relações comerciais.


Geopolítica do Brasil

No território brasileiro também se configuram características e situações que envolvem a geopolítica – principalmente de acordo com as características sócio-econômicas das diferentes regiões do país, o desenvolvimento sustentável brasileiro, os conflitos entre o desenvolvimento agrário e populacional e os biomas nativos na zona rural e o crescimento urbanístico, incluindo a inserção do país na economia internacional, tendo como destaque a negociação com grandes blocos e a formação de entidades supranacionais, como o Mercosul e a UNASUL. Desta forma, a geopolítica do Brasil está intrinsecamente ligada à Geopolítica da América do Sul

A busca pela equalização de seus “embaraços” – é uma preocupação do país.

Definir a situação das águas que delimitam as grandes reservas de petróleo no nosso litoral. Uso racional da Amazônia e, tantos outros biomas.

Buscar homogeneidade de resoluções dentro do espaço sul-americano e, principalmente, parcerias que garantam o bem estar de todos os países sul americanos, nos deixam mais próximo do que se convencionou hoje, entender como geopolítica.

Não estamos mais a serviço de uma superpotência. Nos incorporamos ao BRICS, criamos côo os vizinhos Paraguai, Argentina e Uruguai, o Mercosul, ajudamos a fundar com os demais países da América Latina, a UNASUL e , nos inserimos no mundo globalizado, para fazer parte dele e, não apenas , ser um apêndice.

O Brasil, como grande liderança territorial e econômica da América do Sul, avança na definição de suas atuações junto ao cenário internacional .

Este é o Brasil que se consolida não só como uma economia Emergente, mas também que define estratégias para o bom relacionamento entre os países.

Organismos Internacionais – Saiba quem são.

1. ONU – Organização das Nações Unidas

Criada após a 2a Guerra Mundial para substituir a Liga das Nações. Na atualidade conta com mais de 190 nações e objetiva a manutenção da paz, a defesa dos direitos humanos e o desenvolvimento mundial. O trabalho da ONU e de suas agencias especializados envolvem saúde pública, alimentação, educação e financiamentos.

A sede da ONU fica em Nova Iorque e existem escritórios em Genebra, Viena e Nairóbi.

São 15 as agências da ONU, com destaque para:
- Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA);
- Banco Mundial;
- Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação (FAO);
- Organização Internacional do Trabalho (OIT);
- Organização Mundial de Saúde (OMS);
- Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO);
- Fundo Monetário Internacional (FMI).
- Além das agências especializadas o ONU mantém alguns programas e fundos, caso do Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA).

2. FMI – Fundo Monetário Internacional

FMI é um banco dentro da ONU. Nesta agencia especializada da ONU os países funcionam como cotistas e os recursos são emprestados com juros diferentes aos que são regularmente cobrados pelo mercado.

A sua origem em 1945 visava resgatar os países europeus atingidos pela 2a Guerra Mundial. A partir da década de 1960 foi mais atuante como fonte de recursos das nações subdesenvolvidas. Atualmente opera na fiscalização das dividas externas, sugerindo metas e pacotes fiscais que garantam a honradez dos pagamentos a serem realizados pelos países. O papel fiscalizador do FMI é alvo de críticas, muitos países e organizações culpam o fundo pela manutenção da pobreza no mundo subdesenvolvido.

3. OMC – Organização mundial do Comércio

A OMC foi criada em 1995 para substituir o GATT (Acordo Geral de Tarifas e Comércio). Conta com mais de 140 membros e visa promover e regular o comércio entre as nações. Além de supervisionar acordos assinados sobre temas como agricultura, indústria, serviços e propriedades intelectuais, a OMC acompanha negociações multilaterais e resolve disputas.

4. CEI – Comunidade dos Estados Independentes

Surgiu com o colapso da URSS. A CEI é um fórum de coordenação política e econômica entre 12 das 15 ex-repúblicas soviéticas.

5. G-8 (Grupo dos Oito) ou G7 + Rússia

Organismo que reúne os sete países mais industrializados do mundo e a Rússia.

Membros: Alemanha, Canadá, EUA, Federação Russa, França, Reino Unido, Itália e Japão.

Objetivos: coordenar a política econômica mundial e promover a globalização.

6. OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo

A OPEP é um cartel (controla o volume de produção para garantir o melhor preço) formado em 1960 para centralizar a política petroleira de seus membros. Membros: Arábia Saudita, Argélia, Catar, Emirados Árabes Unidos, Indonésia, Irã, Iraque, Kuwait, Líbia, Nigéria e Venezuela.

7. OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte

Criada em 1949, em plena Guerra Fria, a OTAN surgiu como uma aliança militar das nações capitalistas ocidentais em oposição aos países do bloco socialista. A partir da década de 1960 intensifica-se no organismo a hegemonia dos EUA.

Na Guerra Fria o inimigo era a URSS e sua áreas de influência. Na atualidade as ações da OTAN visam garantir a paz e o espaço econômico utilizado pelos seus membros.

Membros: Alemanha, Bélgica, Canadá, Dinamarca, Espanha, EUA, França, Grécia, Holanda, Hungria, Islândia, Itália, Luxemburgo, Noruega, Polônia, Portugal, Reino Unido, República Tcheca e a Turquia.

Desafios

Questão 01

Sobre as transformações na ordem econômica internacional dos últimos anos, ´INCORRETO afirmar:

a) Muitos países, considerados emergentes, como o Brasil, têm convivido com altos índices de desemprego e grande concentração de renda.

b) Os países ricos e desenvolvidos têm expandido negócios na América Latina, especialmente nos seus processos de privatização dos serviços públicos.

c) A globalização significou, simultaneamente, incremento do comércio internacional e diminuição das taxas de desemprego nos países desenvolvidos.

d) Um dos maiores problemas da globalização é a extrema velocidade com que os capitais especulativos migram entre países, na busca de maiores lucros.

e) Organismos como o FMI (Fundo Monetário Internacional) têm sofrido críticas, por apoiarem medidas impopulares e de grande custo social em países com graves problemas.

Questão 02


”Os 45 anos que vão do lançamento das bombas atômicas até o fim da União Soviética não foram um período homogêneo único na história do mundo. (…) dividem-se em duas metades, tendo como divisor de águas o início da década de 1970. Apesar disso, a história deste período foi reunida sob um padrão único pela situação internacional peculiar que o dominou até a queda da URSS.” HOBSBAWM, Eric J. Era dos extremos. São Paulo, Cia. Das Letras, 1996.

O período citado no texto e conhecido por “Guerra Fria” pode ser definido como aquele momento

histórico em que houve:

a) corrida armamentista entre as potências imperialistas europeias ocasionando a Primeira Guerra Mundial.

b) domínio dos países socialistas do Sul do globo pelos países capitalistas do Norte.

c) choque ideológico entre a Alemanha nazista / União Soviética stalinista, durante os anos 1930.

d) disputa pela supremacia da economia mundial entre o Ocidente e as potências orientais, como a China e o Japão.

e) constante confronto das duas superpotências que emergiram da Segunda Guerra Mundial.

Questão 03

A modernização do Brasil, resultante do crescimento da economia urbano-industrial, produz uma divisão territorial do trabalho que:

a) torna a indústria dependente da agricultura.

b) determina maior autonomia regional à Amazônia e ao Nordeste.

c) diminui as desigualdades econômicas regionais.

d) reduz o êxodo rural.

e) subordina progressivamente o campo à cidade

Questão 04

O período de 1969-1973 caracterizou-se pelo crescimento acelerado da economia brasileira, ou seja, as taxas de crescimento do produto interno bruto (PIB) alcançaram cifras superiores a 10% ao ano. Este processo foi gerado por medidas político-econômicas implementadas pelos governos militares pós-64.

Nesse período ocorreu o que se denominou de:

a) “milagre brasileiro”.

b) “crescer 50 anos em 5”.

c) “Brasil ano 2000”.

d) “Plano de Metas”.

e) “Diretas-já”.

Questão 05

A industrialização brasileira tem como marco a década de 1930, com o processo de implantação de setores de base. Isto não quer dizer que, antes daquela década, não houvesse indústrias no país.

Elas existiram, só que compuseram um setor de pouca monta e, ainda:

a) se caracterizaram pela forte dependência a uma política de investimentos governamentais.

b) se basearam em capitais provenientes da exportação da borracha amazônica.

c) tiveram, na redução de tarifas de importação de manufaturados, seu principal fator de competitividade.

d) estiveram ligadas à formação de um mercado consumidor representado pelo afluxo de imigrantes europeus assalariados.

e) apresentaram forte concentração de investimentos nos setores de energia e transportes.

Nenhum comentário:

Postar um comentário