quinta-feira, 2 de outubro de 2014
Os 100 anos de Porto Velho-RO.
Tudo começou quando o governador do estado do Amazonas Dr. Jonathas Pedrosa sancionou a Lei n° 757 de 02 de outubro de 1914. Daí pra cá, muita água passou por debaixo da ponte! Pedrosa nomeou o Major Fernando Guapindaia de Souza Brejense como Superintendente (prefeito) municipal e então, Porto Velho município pra cima da Linha Divisória foi se desenvolvendo.
A situação só foi amenizada durante o mandato (1917 a 1919) do superintendente (prefeito) Dr. Joaquim Augusto Tanajura que conseguiu negociar com os dirigentes da ferrovia, a permissão para a municipalidade cobrar impostos dentro da área da Empresa. Vale salientar, que a Linha Divisória só deixou de existir oficialmente, quando Aluizio Ferreira assumiu a direção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré em 10 de julho de 1931.
As Feiras Livres
Com certeza as feiras livres já existiam em Porto Velho quando o povoado foi emancipado em 1914. Porém, o que vamos lembrar a partir de agora, são as feiras que existiram e existem a partir de 1951, ano no qual fixamos residência em Porto Velho.
Minha mãe dona Inez foi apresentada a dona Maroca e esta conseguiu um espaço na Feira Livre que a época era montada em frente ao Mercado Municipal (Mercado Cultural), no local onde hoje é a Praça Getulio Vargas. Em 1954 quando começaram os preparativos para a inauguração do Palácio Presidente Vargas e a construção da Praça, a prefeitura levou a feira para a hoje Rua Euclides da Cunha que na época era conhecida como Rua do Coqueiro, entre a sede do Clube Internacional (hoje Ferroviário) e o prédio do SALFT - Serviço de Água, Luz e Força do Território do Guaporé (hoje Ceron) ficando aí até 1957, quando foi inaugurada a “Feira Modelo”, justamente onde hoje funciona o Mercado Central.
Até então só existia uma feira livre em Porto Velho e seu funcionamento era entre a quinta feira e o sábado até o meio dia.
O Trem da Feira
A direção da Estrada de Ferro Madeira Mamoré manteve por muitos anos o chamado “Trem da Feira” que trazia os produtos dos agricultores que moravam entre a Cachoeira do Teotônio e Porto Velho. O Trem da Feira chegava a Porto Velho antes do meio dia de quinta. O principal produto era a Farinha de Mandioca além de carne de caça.
A Lancha do Beiradão
O governo do Território Federal do Guaporé criou o Serviço de Navegação do Madeira – SNM que entre outras viagens, fazia o que ficou conhecido como Lancha do Beiradão. Essa lancha vinha de São Carlos parando em praticamente todas as localidades do baixo Madeira, embarcando mercadorias para serem comercializadas na feira livre.
O comercio de Porto Velho contava com o ganho proporcionado pelas compras feitas pelos agricultores do Teotônio e os beradeiros do Baixo Madeira.
Cardápio nas feiras
Naquele tempo o portovelhense sabia de cor e salteado o que as “banqueiras” serviam nos dias de feira livre. No almoço de quinta feira os pratos eram os chamados comuns, bife acebolado, cozido, caldeirada ou peixe frito o acompanhamento era feijão, arroz, macarrão e a salada era apenas de alface.
No jantar o que mais se consumiu era a “misturada” ou miúdo de boi (bobó, rin, coração e carne morta) que hoje chamam de “Sarapatel” e às vezes, bife de fígado. Porque às vezes? Porque naquele tempo, os açougueiros não vendiam nem Meio Quilo de Fígado era um pedacinho que fazia parte da tal “Misturada”.
Sexta-feira no almoço, prato principal era Peixe (caldeirada e frito) no Sábado quem dominava era a “Panelada”(tripa fina e grossa, bucho, livro e mocotó de boi), como ainda não existia panela de pressão, a Panelada era colocada para cozinhar no inicio da noite do dia anterior e só ficava pronta (cozida), minutos antes do almoço do outro dia.
Aos domingos o prato preferido era Galinha Caipira até porque não existia a tal galinha branca de granja.
Tartaruga e Tracajá
Outra iguaria bastante apreciada pelos portovelhense eram as receitas com Tartaruga e Tracajá. As “Banqueiras” da feira “disputavam” quem preparava o maior número de pratos com a carne desses quelônios. Porém, por mais que se fizesse, o prato mais apreciado e gostoso era a Forrofa do Casco.
Na festa do centenário
Hoje Porto Velho comemora Cem Anos de emancipação, mas, com a cultura alimentar influenciada pelos migrantes que pra cá vieram e ajudaram no progresso e no desenvolvimento positivo do nosso município. Hoje o prato principal é o churrasco gaúcho, a feijoada carioca, a pizza paulista. Peixe só se come nos restaurantes especializados ou em casa.
A música não é mais o forró nordestino e nem o samba carioca e nem o merengue paraense hoje o que predomina é o ritmo sertanejo e a roupa é de caubói. Chapéu de palha só em festa junina de colégio, pois nas quadrilhas do Flor do Maracujá nem chapéu se usa mais. Com tudo e por tudo isso, é que amamos cada vez mais a terra onde nascemos, crescemos, casamos, criamos nossos filhos e vivemos.
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